Está bem... façamos de conta
JN, 2009-02-09
Mário Crespo
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve
invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos
ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que
não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir
montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a
Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de
um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de
conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que,
pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris
irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão
com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-
ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das
"melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos
prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de
conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não
passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é
a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar
acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que
a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do
melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse
que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos
Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na
Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de
conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças
de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não
me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a
entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar
pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro
e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo
Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre
também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso
comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não
aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da
Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta
que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são
normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-
geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta
que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e
quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada
disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e
votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-
se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos
Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque
de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que
votamos."
Este texto parece apenas dar cada vez mais razão ao que certas pessoas comentam... será sócrates fascista?
ResponderEliminarPara onde irá este PS e o seu governo? Questões que só o tempo dirá!!!!
Mas espero que não façamos de conta que votamos, pois o nosso voto será verdadeiramente um sinal de mudança e um cartão vermelho ao PS.